Referências - A lenda de Robin Hood

Na velha Inglaterra do Rei Henrique II e seu filho Ricardo Coração de Leão, os reis dispunham de florestas reservadas, onde só eles podiam caçar - e, sob pena de morte, ninguém mais.
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[...] durante as horas de reclusão que o inverno traz, [o gosto de Robin] era o de ouvir histórias do intrépido Will, o verde, famoso bandido que por muitos anos desafiou o poder do rei e comeu, com seus companheiros, quantos veados reais quis. [...] Seu tio Gamewell lhe disse: “Bem sei que tua mãe quer fazer de ti um homem da cidade; mas estou convencido que a única vida que te atrai é a vida livre das florestas. Ora, o certo neste mundo é cada um seguir sua vocação.
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[Depois de se juntar a Will,] Robin foi instruído sobre as leis do bando e suas senhas. Também recebeu uma buzina, a cujo soar todos se reuniriam. E juraram [num banquete regado a cerveja] que o dinheiro tomado aos ricos opressores, eles o repartiriam entre os pobres; e que não fariam mal às mulheres, fossem donzelas, esposas ou viúvas. Tudo juraram com terríveis juras, passando depois a festejar alegremente, sob a  velha carvalheira, o grande acontecimento do dia.

A lenda de Robin serve de contra-ponto à Valhalla Rising. O bando de foras-da-lei vive muito bem distantes da civilização. A floresta é para eles um lugar de liberdade. Podemos descrever assim os personagens deste LARP: um grupo de aventureiros vivendo na floresta sob suas próprias regras.

No mundo medieval você pertencia à sua família, clã, guilda, vila ou cidade, mas principalmente a seu senhor. Mas o aventureiro é alguém que escolheu viver segundo suas próprias regras e propósitos. Ele oferece sua amizade e lealdade por vontade e não por dever.

Nesta versão da lenda, recontada por Monteiro Lobato, sempre que novos personagens se juntam ao bando acontece uma espécie de duelo. Não necessariamente um combate, mas um desafio. Os personagens "medem suas forças", testam-se mutuamente, e concordam finalmente em seguir juntos.

Frei Tuck desafia Robin a carregá-lo nos ombros até a outra margem do Rio. Robin e João Pequeno duelam em seu primeiro encontro na floresta. João Pequeno duela com o cozinheiro-espadachim que conhece enquanto se infiltrava no castelo do xerife, e assim por diante. É como se houvesse o costume de uma espécie de “luta amiga”, que a partir dali estabelece uma amizade entre os fora-da-lei.

Na mesa, como no LARP, os jogadores tendem a ser mais amistosos em relação aos PJs do que aos NPJs. Quando não o fazem, correm o risco de se perder em conflitos desnecessários e ignorar os desafios realmente importantes do jogo. O costume da "luta amiga" seria como uma solução aventuresca para esse tipo de problema.

É claro, existem versões mais realistas da lenda de Robin Hood. Ambas se ajustam perfeitamente à ambientação do LARP e dependem apenas do tom que você busca para o seu personagem.