No II Laboratório de Jogos (2014)



O Laboratório começou em abril de 2013 trazendo um movimento que já rolava no face para o face to face. Salvo engano, era o pessoal do Indie RPG, remanescentes do antigo fórum Garagem RPG, capitaneados pela inciativa de Eduardo Caetano, Rafael Rocha e companhia, pessoal da editora Secular GamesDe lá pra cá esse "povo de BH" se organizou também como um coletivo cultural, o Capital dos Jogos. Passado o evento, o point dessa galera ficou sendo a Kobold's Den, loja e editora que com seu ano e pouco de vida tem consolidado um modelo de negócios baseado na proximidade com o público.

Pra nós de AKITAN o primeiro Lab foi um momento de se apresentar, mostrar o que a gente já vinha fazendo e conhecer essa galera. Eu e o Leonardo tínhamos acabado de escrever para o Knutepunkt um texto revisitando as origens da nossa proposta de larp e éramos leigos nesse lance de "larp nórdico", "freeform", "roleplaypoems" etc. Foi ali que, eu e o Vinícius Rennó, que jogou nosso piloto e hoje mora em Curitiba, fizemos nossa primeira incursão nesse terreno com os jogos trazidos pelos Luízes do BoiVoador, coletivo que entrou no programa VAI da Prefeitura de São Paulo em 2011.

A repercussão foi tão boa que esse ano o evento dedicou uma área especial aos larps. Com um espaço mais amplo e igualmente charmoso em relação ao pub que sediou a edição anterior, as atividades de larp ocuparam os estúdios de dança do segundo andar, algo que acrescentou muito à experiência dos jogos realizados ali. Vendo a decoração do primeiro andar, vejo que podíamos ter realizado um larp indoor! O local onde eram realizados os playtests dos outros jogos tinha um quê de taverna, com videiras de plástico pendendo do teto e paredes cobertas com painéis de compensado pintado que imitavam pórticos e janelas. Luiz Prado chegou me sugerir uma mecânica para administrar a tensão e a eclosão de brigas numa taverna, inspirado no "Uma viagem através tempo pelos olhos de um abeto", realizado por Tiago Campanário na Oficina Larp de São Paulo. Acho que dá jogo. Quem sabe na próxima?

Para poder participar das atividades, apresentamos apenas dois LabTalks e refizemos a oficina de combate que rolou no Encontro de RPG de Viçosa algumas semanas antes. "Design colaborativo em larps de comunidade" falou sobre o trabalho da Equipe Azul entre dezembro passado e março deste ano na reformulação do Guia para as Fronteiras de Akitan, mostrando como pode ser produtivo criar um jogo em conjunto com pessoas que pensam diferente, mas que estão dispostas a se complementar. "Verossimilhança nos RPG e LARP" retomou o aspecto mais exigente da nossa proposta e tocou num ponto polêmico: a opção pelas réplicas de ferro no lugar das espadas de espuma, de uso tradicional nos larps medievais nos Estados Unidos e na Europa. Com o sucesso do boffering em Viçosa é bem possível que AKITAN incorpore a prática de algum modo no futuro, atendendo à demanda dos nossos jogadores sem prejuízo da proposta original. É uma discussão a ser feita.

A oficina sofreu um pouco com a falta de público no final da tarde de domingo. O evento ainda é bastante endogâmico, o que significa que boa parte dos frequentadores também oferece atividades e a justaposição e extrapolação de horários acaba prejudicando outras atividades. Em todo o caso, a experiência foi muito, muito positiva. Acho que diferente da oficina de Viçosa, realizada pelo Arthur Schelb, essa teve mais encenação e mostrou que é possível compor o modelo matemático que organiza as disputas a uma série de "passos" básicos que permitam aos contendedores encenarem suas lutas como uma dança. Obviamente, é preciso continuar testando e ver como o sistema se comporta com mais pessoas.

Há muito mais o que dizer sobre o evento, mas não faltaram menções ao evento e suas repercussões por aqui no futuro. Por hora quero só registrar nossos agradecimentos a Cochise César e Krishna Farnese pela ótima discussão sobre matriarcado, feminismo e design inclusivo na ambientação de Akitan, ao Luiz Falcão e ao Luiz Prado pelas dicas e a experiência sempre produtiva dos larps do BoiVoador, a Tiago Campanário por uma pequena conversa sobre "design emergente" que ainda pode render frutos, a Estéfano Vitagliano, Rafael Rocha, João Mariano, Túlio e Paulo Diovani pela ótima experiência que tivemos no larp Jogo do Bicho, e aos organizadores, pela qualidade do evento.

Agora é aproveitar o gás e voltar pra prancheta.

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